terça-feira, 9 de maio de 2017

Como Consertar a Franquia "Assassin's Creed"


Agora que a franquia "Assassin's Creed" finalmente rendeu-se aos seus lançamentos anuais, aceitando em fazer uma pausa na franquia, é um ótimo momento para realizarmos uma retrospectiva dos momentos bons e ruins da série, dos clássicos acertos e os erros gravíssimos que a Ubisoft implantou em anos de desenvolvimento. 

Não se trata, de maneira alguma, de uma habitual análise da franquia (isso já temos disponível neste link), mas sim de possíveis maneiras em que Ubisoft poderia voltar com máximo potencial e trazer a franquia de volta às suas raízes de qualidade. Sendo eu particularmente um fã de longa data, esta matéria é quase uma súplica. 


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Mas vamos começar do início, fazendo uma breve retrospectiva da atual posição da franquia. Atualmente, existem 9 títulos da série principal e 11 spin-offs. De cara, não é surpresa para ninguém que a Ubisoft arrecadou MUITA grana em cima da marca "Assassin's Creed". O primeiro título, lançado em 2007, surpreendeu muita gente na época, mas ainda não havia sido o sucesso comercial que a empresa esperava. Foi apenas com "Assassin's Creed II", lançado em 2009, que o início da carismática trilogia Ezio Auditore daria o ponta-pé fixo no rumo da franquia que continuaria no mesmo solo por muitos anos.

De fato, eu considero a época da trilogia Auditore o melhor período visto até então da franquia. Os elementos da jogabilidade de AC II que a Ubisoft soube renovar em relação a seu antecessor, mostra uma época em que a empresa sabia exatamente como tratar suas patentes. O game era infinitamente superior ao primeiro título, tendo justamente deslizado na falta de novidades gráficas e mecânicas dos jogos seguintes da trilogia. Enquanto "Brotherhood" é um dos mais fracos jogos da série, "Revelations" conseguiu criar um status de conclusão excelentemente bem executada, encerrando a jornada do mais carismático protagonista visto até hoje na franquia, ao mesmo tempo em que pagava tributo e explorava melhor o legado de Altaïr Ibn-La'Ahad, protagonista do título precursor de 2007.


Na minha singela opinião, "Revelations" é o mais subestimado jogo da franquia AC, tendo em vista que muitas pessoas o desmerecem por, novamente, não ter inovado em quase nada no que diz respeito à mecânica de jogabilidade. Mas nesse caso, a preguiça da querida Ubisoft é algo que pode muito facilmente ser ofuscada quando se percebe a qualidade artística do game e seu enredo indiscutivelmente intrigante e bem desenvolvido. Mas tirando essa hate popular de lado, continuaremos com a nossa retrospectiva. 

Após deixar o legado de Ezio e Altair para trás, a Ubisoft decidiu levar a franquia para a Revolução Americana, um dos mais conturbados períodos históricos do país. Eu lembro muito nitidamente a expectativa na cabeça dos fãs em meados de 2011 para com o lançamento de "Assassin's Creed III", que, pela primeira vez na série, iria atualizar suas mecânicas de jogabilidade. Aqui, tínhamos a nossa mais inédita decepção para com o desenvolvimento da franquia, visto que a jogabilidade nova que a Ubisoft criou era muito interessante e mais fluida, porém com um número infinito de bugs (sim, não foi apenas com "Unity" que coisas do tipo vieram a acontecer). Vale mencionar também do nosso mais novo protagonista, Connor Kenway, que não alcançava nem 10% do carisma de seus ancestrais.

Eu lembro que, sendo um fã que ainda se importava com o futuro da série, me vi extremamente ofendido com o final de AC III. Sem dúvidas uma das tentativas mais imbecis e descaradas de se espremer ao máximo o lucro de uma franquia, os roteiristas da Ubisoft decidiram (SPOILER ALERT), sem mais nem menos, matar Desmond Miles, protagonista da linha temporal do presente desde o primeiro jogo da série. Parece que os desenvolvedores escutaram os inúteis comentários de alguns jogadores sobre seus desinteresses para com a linha temporal do personagem, fazendo assim com que, em uma oportunidade de dar um encerramento eficaz na narrativa da franquia, eles tivessem escolhido ignorar quaisquer conclusões plausíveis e continuassem com a patente da série. 


Lembro inclusive da empresa passando por maus bocados até mesmo no que se referia à recepção dos fãs para com as suas expansões. Uma bizarrice chamada "The Tyranny of King Washington" havia sido lançado em TRÊS diferentes pacotes, para criar-se uma trama paralela desinteressante e sem consistência. 

Seguindo no novo rumo, em 2013, já tendo abraçado de vez seus lançamentos anuais, eis que lança "Assassin's Creed IV: Black Flag", um game que, acredito eu, é mais idolatrado do que poderia ser. Isso eu digo pois, apesar de ser um jogo indiscutivelmente divertido e com mecânicas muito refrescantes - como as batalhas navais - é um título que ainda assim seguia essa novo padrão da Ubisoft em que "qualidade = mudar protagonista + mudar cenário + acrescentar 2 ou 3 novidades". Depois que você percebe que praticamente tudo no jogo era fruto dos erros que eles cometeram em AC III, ou seja, nada mais do que DEVERIA TER SIDO o game anterior, é fácil perceber que a Ubisoft havia se tornado uma das empresas mais mercenárias e aproveitadoras do mercado contemporâneo. 


Outra coisa que me incomodou desde o lançamento de AC IV, foi a comprovação de que os roteiristas da empresa simplesmente abandonariam cada vez mais o desenvolvimento da narrativa contemporânea que acompanhava a franquia desde o primeiro jogo. Claro, com o tamanho da cagada que foi visto no final do game anterior, aqui não haviam muitas opções a não ser trazer uma jogatina que acumulava 30 minutos do jogo inteiro, dessa vez em primeira-pessoa. É algo bem vergonhoso ver tamanha oportunidade narrativa ser desperdiçada em mãos incompetentes. 

Seguindo com seu caminho para perdição, a franquia então decide lançar dois jogos simultaneamente. Aqui entramos no que, com certeza, foi o período mais conturbado da franquia, visto que muitos fãs (inclusive eu) simplesmente desistiram de levar a saga a sério enquanto a Ubisoft não fosse tomar mudanças drásticas com relação ao tratamento de sua patente. É claro que me refiro a vergonha alheia que foi "Assassin's Creed: Unity" e "Rogue", um lançado para os consoles da atual geração, e o outro para os consoles da antiga. É uma atitude honrosa por parte da Ubisoft se lembrar de produzir conteúdo específico para os jogadores de PS3 e Xbox 360, mas o que não é honroso é o fato de que o game, além de ser péssimo por si só, é uma cópia barata de todas as mesmas mecânicas de Black Flag. Eu acho que, inclusive, Rogue é mais ofensivo para com os fãs do que foi Unity.

Com Unity, temos que dar créditos à empresa por terem ao menos tentado algo novo. Eles criaram uma engine gráfica simplesmente linda, uma jogabilidade que, na teoria, iria enfim atualizar os conceitos da série e uma ambientação histórica na Revolução Francesa, algo que MUITOS fãs pediam há tempos em enquetes da comunidade. O que deu errado? Bom, praticamente tudo! Por começar com o problema que vem nos acompanhando há tempos, vulgo a PRÓPRIA UBISOFT. A empresa não sabe o quanto engolir sem mastigar, produz materiais para sua patente em ritmo extremamente acelerado, fazendo com que seus desenvolvedores passem por momentos constrangedores tais como os que foram vistos no lançamento do jogo, com a inclusão de infinitos bugs que tornava a jogatina bizarra ao extremo.


Atualmente, a última atualização que recebemos da franquia foram "Assassin's Creed Syndicate" e alguns spin-offs desinteressantes intitulados "Chronicles". Syndicate, por outro lado, deu um certo ar de "esperança" para os fãs, no qual a Ubisoft mostrou que ainda sabe produzir personagens interessantes (algo que há tempos não tínhamos o prazer mais de presenciarmos), apresentando também novas mecânicas de protagonismo duplo, em que podíamos controlar dois irmãos, cada um com suas especialidades. A intenção é boa, quaisquer mudanças são sempre bem vindas, mas a função já estava longe de ser original nessa altura do campeonato. Alguns problemas de narrativa e mais uma vez a sensação de falta de originalidade fizeram deste um dos títulos mais esquecíveis da franquia, ainda que ligeiramente subestimado. 

Até o momento da escrita desta matéria, tivemos o suposto vazamento da primeira imagem do novo título da franquia, aparentemente ambientado no Egito, vindo com um hiatos de 2 anos com relação ao jogo antecessor. Será que 2 anos serão suficientes para a Ubisoft colocar sua patente de volta aos trilhos e resgatar as características que faziam os primeiros jogos da série serem especiais? Só o tempo dirá, mas enquanto isso, eu proponho alguns desejos particulares que acredito eu seriam essenciais para um mais novo capítulo de sucesso e boas vendas. 

Suposta imagem vazada do novo "Assassin's Creed". Indícios levam 
a crer que o jogo se chamará "Origins".

Primeiramente, eu acho que o maior problema que fez "Assassin's Creed" tender ao fracasso nos últimos anos, é a própria Ubisoft. Na minha singela opinião, a empresa não seria a escolha mais ideal para continuar com o desenvolvimento da série principal. Ela provavelmente deveria vender sua patente para qualquer outra empresa que não utilize de seus produtos para gerar uma máquina superficial de lucro. Claro que esse não será o caso com o mais novo título, mas se o suposto "Origins" for também mais um fracasso comercial e crítico, provavelmente a empresa terá desistido da marca, ou a passará para outra em diante. 

Enquanto ainda temos que aguentar a Ubisoft e suas padronizações de desenvolvimento e marketing, resta esperar que a pausa de 2 anos produzindo seu novo jogo traga o que todos os fãs querem: inovações! Acredito eu que, se os rumores estiverem corretos, e o game se passar no Egito Antigo antes mesmo do primeiro Assassin's Creed, esta seria uma tática genial por parte dos desenvolvedores. Tudo em nossas voltas seria considerado novidade, não teríamos que ficar na mesma mesmice de "no próximo jogo, nos aproximaremos mais ainda da contemporaneidade". Ninguém está interessado mais na contemporaneidade, já que vocês a descartaram com o final de AC III em 2012. Agora sim, foquem suas atenções no desenvolvimento do Credo dos Assassinos e tragam-nos mais informações a respeito de seus pilares e, de fato, suas origens.  

Outro fator que ajudaria muito seu recebimento positivo, seria a inclusão de pelo menos 1 protagonista de fato carismático. A franquia está cheia de personagens ricos, mas alguns deles simplesmente não foram devidamente desenvolvidos para que o jogador sentisse de fato simpatia ao mesmo. Protagonistas como Connor Kenway, Shay Cormac, Arno Dorian e alguns outros simplesmente foram esquecidos com o desenrolar do tempo, tornando-se assim alguns dos mais desinteressantes protagonistas em uma franquia conhecida por sua riqueza para com seus personagens. 


Juntando esses e mais algumas surpresas que a Ubisoft possa trazer aos fãs da série, será imprescindível o sucesso do mais novo game. Resta aguardamos novidades na E3 2017, que promete muitos outros títulos que talvez ofuscarão o impacto inicial para com uma franquia já exageradamente dilatada. Como fãs, porém, esperamos sempre pelo melhor!


~DungeonReborn

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